sábado, janeiro 19, 2008

Adeus, Lobito

Lobito:

É tão difícil... É mesmo difícil...

Estive contigo pela última vez na 2ª feira. Estavas tão triste, tão abatido, tão diferente do habitual! É irónico, mesmo muito... Tu, que sempre foste um cão tão enérgico (às vezes até demais!), tão irrequieto, tão alegre, tão falador... ali, prostrado, a olhar para mim com um olhar dorido... Ainda assim gostaste das minhas festinhas, procuraste-as quando parei por instantes e reconheceste a voz da tua amiga Rita, procurando a fonte sonora com uma réstia daquele teu "ar", tão característico sempre que o fazias... Vai ser sempre esta a minha última recordação tua. Só tenho pena de não ter sabido naquele momento que não mais te veria... Nada tinha sido muito diferentes, na verdade... E se calhar foi melhor assim...

Esta semana, com a pioria do teu estado, fui recordando tanta coisa...

Recordei o dia em que chegaste cá a casa. Sentia-te tão meu, tinha sonhado tanto contigo, com a tua vinda... Eras pequenino e estavas assustado. Fiquei muito preocupada, porque estavas com uma respiração esquisita, ofegante. Diziam-me que era normal, mas eu custei a acreditar. Com medo que estivesses doente passei a tarde toda deitada ao teu lado, a acariciar-te o pêlo fofo. Foram as nossas primeiras horas em conjunto, lembro-me tão bem! Eu deitada no sofá e tu enrolado em ti mesmo, no chão, junto a uma das extremidades do sofá, mesmo ao alcance da minha mão. Começou ali a nossa relação.

Aquele foi um Verão fabuloso, com um cachorrinho em casa. As leituras, os treinos, as tentativas para que obedecesses a ordens como "senta", "pára", "não". O treino do xixi e o dia em que fizeste xixi no jornal do primo Luís, de habituado que estavas a fazer as necessidades em cima de jornais! Se apareceu um jornal em cima do sofá, certamente era para ti, pimba! Já está! Feito!

Há uma imagem na minha cabeça, relacionada com uma das tuas primeiras idas ao veterinário. Nessa altura eu fiquei toda orgulhosa por ter o meu nome escrito na tua cédula. Era, oficialmente, a tua dona! Nesse dia, andavas tu a explorar o espaço, todo curioso e irrequieto, enquanto aguardávamos na sala de espera. A dada altura achaste um interesse imenso na porta do consultório, que se encontrava fechada... De repente ela abre-se e sai de lá um dálmata enorme (pelo menos em comparação contigo)! Não ganhaste para o susto! Choraste timidamente e correste para trás das minhas pernas, como que a pedir "por favor, protege-me daquela coisa enorme e manchada"! Saudades daqueles tempos, em que ficavas encoberto apenas pelas minhas pernas...

Depois cresceste e deixaste de viver dentro de casa, por causa do tamanhão que tinhas. Desde sempre foste um exibicionista e teimaste em eleger o "pátio" em frente à janela do meu quarto como WC! Bela vista que fui tendo ao longo dos anos! Ai ai...

Nunca poderei esquecer o dia em que, passados uns meses da tua promoção a cão adulto (leia-se ida lá para fora) te esgueiraste porta dentro, atravessaste metade da casa (atabalhoadamente, mas mesmo assim sem grandes estragos) e foste direitinho ao sítio onde meses antes guardávamos a tua comida! Foi genial! :)

Mais tarde, foste o meu grande companheiro na longa travessia dos exames nacionais de 12º ano. Passaste horas à minha janela durante as minhas jornadas de estudo! E os meus intervalos quase se resumiam a ir às traseiras fazer-te miminhos e/ou dar-te umas bolachinhas.

Com a minha entrada na universidade ficamos, inevitavelmente, mais afastados. Eu longe, visitava a nossa casa apenas ao fim de semana. Mas a minha atenção e dedicação tinha que se dividir pelo resto da família, não era fácil. De qualquer forma, não pedias muito! Uma palavra e/ou festinha ao chegar, alguns miminhos ao longo dos dias, ficavas feliz.

Comecei a namorar e a coisa ainda se complicou mais, tinhas que me dividir com mais alguém... Mas foi lindo no dia em que te apresentei o meu namorado! Aprovaste-o imediatamente! Você ligaram-se de uma forma maravilhosa e surpreendente! Acho que, de certa forma, te apaixonaste por ele, tal como eu! O que é certo é que, com o tempo, passavas-te quando o pressentias em casa e amuavas se ele não te ligava como querias! Ficavas doido só de ouvir a voz dele ou vê-lo chegar e exigias atenção!

Fizemos passeios a três, não tantos quanto desejarias, mas foram os possíveis. Os teus ciúmes quando te deixávamos mais de parte, a forma como te metias entre os dois, as vossas corridas malucas, as tentativas de ataque aos patos, a obsessão pelos cavalos, são momentos que doem, de tão inesquecíveis.

Mas momentos inesquecíveis são tantos, incontáveis!... Os teus ataques ao galinheiro, só para teres o prazer de ver aqueles seres palermas fugir... O dia em que, sabe-se lá como, apanhaste um ouriço e quase te espetaste todo numa tentativa de brincar com ele... A forma única e maravilhosa como dizias "bubu", parecendo chamar o meu avô. A tua relação de amor/ódio com a Freddy, que um dia te arranhou e por quem tinhas o respeito que ela devia ter por ti (é uma gata, caramba!)... O teu olhar, os teus olhos, a tua expressão curiosa e atenta, de cabecita de lado...

Ai, Lobito... Porque é que teve que ser assim? Tão repentinamente? Tão inesperadamente? Tão dolorosamente?

Adoeceste perto do Natal, mas melhoraste. Obrigada por nos teres deixado passar um Natal agradável, sem a angústia de te ver doente! Teria sido o pior Natal das nossas vidas!...

Esta semana foi muito triste, foi muito difícil... Saber que não tinhas melhoras e que, inevitavelmente, caminhávamos para a decisão mais difícil de todas... Insuficiência renal e uma doença estúpida resultante da picada de um mosquito... Ambas incuráveis. Tiraram-te a energia e a nós a esperança.

Foste muito bem tratado, com muito carinho de toda a gente. Lá no veterinário sempre acharam piada ao teu nome e às tuas maroteiras (e xixis, em quase todas as visitas, ao longo dos anos).

E tudo acabou, num fim de tarde de um dia 17. E eu, infelizmente, estava longe e não pude ver-te uma última vez... Mas era preciso que parasses de sofrer e a prioridade não podia ser os meus sentimentos ou o meu desejo de te ver. Eutanásia, palavra dura...

Começo a conformar-me e a conseguir recordar as coisas boas, sem me deixar abalar demasiado pelo que aconteceu... Mas é muito complicado! Saber que nunca mais me vais despertar com uivos ás 7h da manhã, proporcionando-me aquela irritação momentânea não é nada que traga satisfação... Ainda hoje, cheguei de fim de semana e, ao fechar o portão depois de estacionar o carro, pareceu-me ver um movimento no terraço, onde constumavas estar e onde vinhas espreitar quando pressentias movimento de carros... Estupidamente esperei ver-te! Achei mesmo que estavas lá. Só segundos depois caí em mim e percebi que não te ia ver... Doeu... Tal como está a doer escrever estas linhas. Mas achei que merecias esta espécie de "homenagem", que eu própria merecia, para que não deixe de ficar registado, neste que é o meu espaço, o quanto foste importante na minha vida.

Foste o meu sonho, tornaste-te numa realidade. És e sempre serás o meu cão, o meu Lobito! Nunca, mas nunca te vou esquecer! Espero que tu também não, onde quer que estejas agora...

Até sempre! Festinha atrás da orelha, como tu gostas!

* * *

PS - Queria muito pôr uma foto tua neste post, mas não sou capaz, não agora... Ainda é muito difícil olhar para lembranças tuas. Talvez mais tarde...

segunda-feira, janeiro 14, 2008

Triste...




Triste demais para ser verdade... :(

Apetece-me bater o pé no chão e não deixar que aconteça... Apetece-me chorar...

O meu lobito está muito doente... :( :( :(

domingo, janeiro 06, 2008

Tempo



O Natal já lá vai, o espírito também...

O tempo escasseia... mais uma vez!

Gestor profissional de tempo precisa-se...

(isto de trabalho a tempo inteiro [mais extras] é muito desejado, mas também muito complicado!...)

... ... ...

Um grande 2008 para todos!