quarta-feira, setembro 26, 2007

Esperar...



Dizem que quem espera sempre alcança...

Eu acho que quem espera sempre se cansa...

...

Vou continuar à espera!...

domingo, setembro 23, 2007

Os meus meninos - parte 1



Quem convive/trabalha com crianças tem sempre, sempre, episódios engraçados para relatar! Não me lembro de uma semana de trabalho em que isso não aconteça... Nunca os escrevi, salvo há uns aninhos atrás nas primeiras experiências de estágios que, de tão marcantes, foram mesmo transcritas por aqui.

Agora o contexto é diferente, esses episódios não são novidade. Apesar disso, continuam a ser do mais agradável que há! Continuam a trazer aquela sensação de que não há cansaço que vença o prazer de trabalhar... Continuam a trazer sorrisos genuínos, daqueles que vêm de dentro, do mais profundo de nós, mesmo nos dias mais cinzentos e com menos motivos de alegria.

Assim, inicio aqui aquilo que gostaria que se tornasse um hábito, pequenas descrições das graçolas dos meus meninos! :)

A.C. (7 anos)
Eu mexo-me na cadeira (grande, de "director", de pele) e faz aquele ruído de algo (ganga) a raspar na pele da cadeira.
A.C. - "Deste um peido!"
Eu expliquei-lhe que o que ela tinha ouvido era a cadeira e repeti o movimento.
Minutos depois...
Outra criança chega à clínica e entra na sala de espera (ao lado do gabinete onde estávamos). Ouve-se algum barulho, aparentemente pelo facto da criança estar a sentar-se na cadeirinha da sala de espera e desta estar a fazer barulho contra a mesa ou algo.
A.C. - "Alguém deu um peido!"
Eu - É o barulho da I. lá fora!

J.A. (4 anos)
Eu - Gostas da escolinha?
J.A. - Gosto! Sabes, eu depois vou pá escolinha dos meninos grandes.
Eu - Ai é?
J.A. - É! E depois vou comprar um camião.
Eu - Para brincar?
J.A. - Não! Para estacionar!
(duh, Raquel! ele quer ser camionista! estava a falar-te dos seus projectos de vida!)

A.F. (8 anos)
Eu - Vamos ligar aqui isto (microfone ao PC) para gravarmos a tua voz! Queres?
A.F. - Sim. (e um grande sorriso)
Eu - Pronto, ja está, podes falar!
A.F. - Isso já me ouve???
Eu - Sim. (sorrio) Já te ouve.
Alguns minutos depois, após uma conversa descontraída sem se lembrar que estava a ser gravado...
A.F. - Isso está a ouvir-me?
Eu - Sim, está.
A.F. - Posso contar as minhas férias?
Eu - Sim, claro! Conta lá, então.
A.F. - O Shrek foi à praia e... (!!!)

J.A. (4 anos)
Antes de mais note-se que, na sala onde isto aconteceu, os meninos têm duas cadeiras onde se podem sentar, uma branca e outra rosa quase "choque" (a sala é muito gira, muito colorida e animada). O J.A. estava na cor-de-rosa e a mãe na branca. Às tantas pergunta:
J.A. - A cadeira cor-de-rosa é para as meninas, pois é?
Eu - Pois... Olha, as meninas gostam mais do cor-de-rosa, mas não tem mal os meninos sentarem na cadeira rosa.
J.A. - Não? (assim com aquela entoação característica de quando estão inseguros e perguntam "tens a certeza?")
Eu - Não, J.. Não faz mal!
Ele ficou um bocado para o insatisfeito com a minha resposta, mas a sessão lá seguiu e correu bem.
Na sessão seguinte, o J.A. entra na sala, olha para as cadeiras e diz:
J.A. - Vou sentar-me na cadeira branca, está bem? (a cadeira branca era a que estava mais longe e mais afastada do sítio onde costumamos trabalhar)
Já no final da sessão, na sala de espera, onde há cadeiras de várias cores (azul, branca, rosa, vermelha, multicor) perguntou:
J.A. - Quem se senta na cadeira vermelha?
Eu (muito inteligentemente) - Olha, quem é do Benfica!
J.A. - Eu sou do Benfica. (e senta-se)
Eu lá aproveitei para explicar que as meninas gostam mais de cor-de-rosa e os meninos gostam mais de azul, mas que todos se podem sentar nas cadeiras todas. Ele não ficou muito convencido...

sexta-feira, setembro 21, 2007

Tempo, tempo, tempo...



A problemática do tempo é "do caraças"...

Não há palavra que tenha sido mais frequente no meu vocabulário nos últimos anos...

Até ao 12º ano não me lembro de muita preocupação com o tempo... Acho que geria o meu tempo de forma exemplar... Lembro-me de passar muito do meu tempo livre no meu mundo, no meu quarto... Estudar, ouvir música, ver TV, ler... Na altura não tinha net acessível a não ser a partir das 21h ao fim de semana! O tempo passado na net era pouco, porém valioso e muito valorizado!

Com a entrada na Universidade a noção de tempo alterou-se completamente... E assim começou a existência da palavra tempo, com a falta dele! Era o tempo de estudo, era o tempo de entrega de trabalhos, era o tempo da duração dos exames... Era o tempo do fim de semana, tão desejado! Era a falta de tempo para as coisas mais queridas... Era, no fundo, a falta de capacidade para gerir o tempo... Sim, porque nas férias, com tempo de sobra e sem falar no tempo, nem sempre havia o tempo suficiente para todos os desejos, todos os planos, todas as formas de empregar esse tempo... Desperdício, diria...

Agora, actualmente, o tempo é outro, na altura futuro, agora presente. A falta é a mesma, a falta de gestão eficaz... O tempo não é de sobra, mas há tempo para esticar o tempo... O tempo escasseia para algumas coisas... O tempo dá condições privilegiadas às prioridades... Quem decidiu assim? O tempo de blog é difícil de encontrar...

Isto tudo para dizer que não tenho tido o tempo que gostaria de ter para dar algum tempo ao meu mundo... Não ao meu quarto, mas a este meu cantinho...

O tempo sucede-se e o blog perde prioridade de entre os prioritários onde o tempo ainda o inclui... E cada vez fica num local mais tardio no ranking do tempo... Por vezes o tempo como que pára e sinto a falta... aquela falta... Sinto saudades do tempo em que escrevia nestas páginas com uma frequência e um entusiasmo quase únicos... com um prazer que me deliciava!

O tempo passa...

Tenho que arranjar tempo para repensar tudo isto...

(esta semana voltei a usar relógio com regularidade...)