Ok! Pode parecer uma verdade óbvia, mas para mim não é (ou não era...) tanto assim! Logo à partida, a morte não é um tema que me ocupe grande número de pensamentos ou preocupações... Aliás, não é um tema do qual seja comum falar-se ou gostar de se falar... Penso que isto é comum à maioria das pessoas... Portanto, nunca sequer pensei muito no assunto... Talvez porque nunca perdi ninguém que me fosse assim muito, muito próximo... E talvez porque não quero pensar muito no medo que tenho de perder algumas pessoas...
Mas esta semana houve uma mente brilhante (leia-se: professor d1 cadeira de psicologia relacional) que, numa aula prática, veio com uma ordem, no mínimo, invulgar. Disse: "Agora vocês vão imaginar que já acabaram o curso, começaram logo a trabalhar e... passados 2 anos, morrem!" Que raio de ideia inconcebível!! Mas ainda acrescentou, como se não bastasse: "Vão imaginar o vosso funeral e os elogios fúnebres que gostariam de ouvir nesse dia, por parte das diversas categorias de pessoas com quem se relacionavam!". E lá enumerou: família, namorado, amigos, colegas de trabalho, ex-professores, ex-colegas de curso...
Beeem... Que exercício! Houve quem chorasse e tudo! Não admira! É realmente uma violência muito grande imaginar este tipo de coisas, principalmente para quem, como eu, nunca tinha posto a hipótese, pelo menos de forma tão séria e "real"... Estou convencida que ninguém (ou quase ninguém), que seja minimamente saudável e tenha 20, 25 ou 30 anos, imagina ou põe a hipótese de vir a morrer a curto prazo... Existem tantos projectos inacabados, outros tantos por formular... Parece, além de improvável, impossível!! Mas na verdade não é... Julgamo-nos imortais!! Talvez até ambicionemos sê-lo!
Uma coisa de que nos apercebemos nessa aula foi que, tudo aquilo que desejávamos ouvir em tão triste dia, das diferentes pessoas, eram, no fundo, os nossos grandes objectivos de vida, aquilo que pretendíamos realizar a médio e longo prazo, aquilo que, por vezes, esquecemos no dia-a-dia! Aquele tipo de coisas que veríamos como urgentes se hoje nos dissessem que morreríamos no prazo de uma semana...
Mas, se não sabemos que morremos amanhã (dia 18/10), sabemos que morreremos amanhã (n1 futuro, mais ou menos distante)... Então, porque não viver todos os dias como se esse dia fosse amanhã? Porque não lutar sempre por aqueles que são os nossos objectivos de vida? Porque não lutar para que não seja apenas nos elogios fúnebres que nos façam determinados elogios? Porque não dar motivos para que as pessoas pensem de nós tudo isso que desejamos, mais cedo do que no "último dia"? Sem adiamentos, sem desculpas esfarrapadas, sem conformismos, sem passividade...
É um bom exemplo da importância de "não deixar para amanhã o que se pode (e deve, acrescento eu) fazer hoje"! Porque... e se não houver amanhã???