No dia em que a minha querida Tânia completaria 27 anos, não consigo deixar de sentir uma profunda tristeza e uma ainda mais profunda saudade...
Ainda me surpreende a profundidade dos laços que se conseguem criar neste mundo virtual. Compreendo, sinto e valorizo-os, mas ainda me surpreendem!...
Há quase 10 anos que uso a internet como ferramenta de lazer e estudo/trabalho e nestes anos foram muitos os conhecimentos travados. Fiz amigos, conheci o meu namorado, troquei experiências, carinho, amizade... Grande parte das pessoas permanecem fisicamente desconhecidas. Conheço-lhes a alma, atrevo-me a dizer. Pelo menos a algumas!
Neste meio sempre ganhei. Sempre. Ganhei amigos, conhecidos, experiências, maturidade, conhecimentos, etc, etc, etc... Só desta vez perdi... e muito! Perdi uma amiga. Já lá vão 6 meses. Senti muito essa perda, ainda a sinto muito. Pela pessoa fantástica que era, pela forma como tocou a minha vida, pela idade, tão próxima à minha, pela amiga que era, sempre atenta e dedicada... e pelo que sofreu, tanto...
Hoje, dia do seu 27º aniversário, decidi, em jeito de homenagem, imortalizar no meu cantinho algumas palavras, a ela pertencentes. Espero que onde estejas, Tânia, me perdoes a ousadia. Quando as li pela primeira vez, em Março deste ano, senti algo que não consigo descrever. Algo forte, arrepiante, profundamente triste e, ao mesmo tempo, grandioso. Não tive coragem de te reler durante muito tempo. Já o consigo fazer e por vezes faço-o. A tua mensagem é tão bonita e tão importante que merece ser lida pelo mundo! E quero que o seja pelo meu mundo...
Aqui a deixo, sem mais palavras. Porque as tuas palavras dizem muito mais do que eu poderia escrever aqui, neste momento. Tenho muitas saudades tuas...
Há pessoas que não têm esta oportunidade de se despedirem daqueles que mais gostam. Eu tenho. Sofro de uma doença que necessita de transplante cardíaco…pode não aparecer doador… pode aparecer doador mas eu posso não sobreviver à dura batalha que vem a seguir… aconteça o que acontecer, se estiverem a ler estas palavras, é porque já cá não estou… Custa escrever estas coisas, mas o apoio que tive de tanta gente foi tão grande que era impossível não deixar umas últimas palavras a agradecer. Lamento se vos desiludi, lamento se fui fraca… Talvez tentei parecer forte quando afinal não era…
O meu último desejo era ser cremada, espero que seja isso que aconteça. Para quê campas? Buracos na terra? Momentos tão cruéis de serem vistos… Além do espaço ocupado pois tanta gente morre todos os dias… Flores? Bons, essas coisas são para serem dadas em vida… Palavras bonitas diante da lápide? Essas palavras são para serem ditas em vida.
Entendo que seja um post mórbido, mas já há algum tempo que não tirava da cabeça escrever estas coisas… Já tinha pedido ao C. este grande favor da parte dele. Desculpem, mas já sabem que podem sempre não ler…
Que mais há a dizer? Aproveitem a vida, a felicidade não existe, existem os momentos felizes… e esses… bem, respirem, cheirem, sintam, fotografem, enfim, não os percam nem esqueçam.
2006 foi o ano da descoberta da miocardiopatia dilatada. Sabia lá eu o que era isto… Estava desempregada, decidi tirar um tempo para mim, inscrevi-me num ginásio… e foi aí que percebi que o meu cansaço era extremo mesmo. Não era normal. No entanto ainda consegui ter um ano quase, quase normal… Tirando que o meu sonho de arrendar casa foi por água abaixo…
2007 foi um ano com momentos muito altos e momentos muito baixos. Em Março comecei a namorar com o C., a pessoa mais espectacular que conheci até hoje, com que aprendi sempre imenso, que fez tudo por mim, que me amou verdadeiramente. Desejo-te tudo de bom pois mereces tudo do melhor nesta vida. Sempre sincero, frontal, honesto, amigo, cúmplice… nunca mais acabaria de escrever aqui coisas. Amei-te, amo-te e amar-te-ei sempre onde quer que esteja agora. Em Maio as coisas pioraram mas ainda consegui ter um Verão mais ou menos bom. Em Setembro tive o enfarte renal e fui internada no Barreiro. Passei por momentos que prefiro nem falar. Em Outubro perdi o meu gatinho Jimmy… E a partir daí foi tudo a descambar, até que baixei no hospital de St. Marta dia 31 de Dezembro.
2008 foi um ano triste em que perdi pessoas que gostava muito: Ricardo, Fernando, Marisa e João. Perdi a minha porquinha Akira que adorava. Passei 2 meses e tal internada em Lisboa, passei meses em que só me deslocava de cadeira de rodas e mal saía de casa… Em Julho tive umas melhoras impressionantes que me deixaram ir passar um fim de semana fora num hotel e onde pude mergulhar numa piscina. Consegui também ir até à praia molhar os pés na água. Consegui ir ao MacDonalds, consegui passear um pouco, ir ao café comer uns caracóis… Dizem vocês, coisas banais, não é? Mas quando passam quase 1 ano sem nada destas coisas, não queiram imaginar como ela vos fazem sentir bem e soltar umas lágrimas de alegria… Damos um valor enorme à vida… à natureza… ao mar, ao vento, à chuva, às flores… até conduzir um carro…
Em Agosto tudo piorou, piorou, até que estou aqui neste mês de Dezembro a escrever estas coisas…
Concluindo, quero agradecer a todos sem querer dizer nomes, pois seria injusto… São demasiados. E cada um sabe à sua maneira o quanto gostava de mim. Mas claro, agradeço o apoio dos meus pais. As coisas foram complicadas entre nós mas sei que me amavam tal como eu vos amava. Cláudio… não há palavras para agradecer tudo, tudo, tudo o que fizeste por mim. E digas tu o que quiseres, mais ninguém o teria feito. E já sei que não gostas que agradeça, mas é a última vez: OBRIGADA!
Ah! Ok! Mais uns últimos pedidos, pode ser? Lutem pelos animais, lutem pelas pessoas, lutem por este mundo que já nem parece ser um Mundo. Temos mesmo que ser a pior raça à face da Terra?...
Beijos e mais beijos a todos!!!!
Tânia Vanessa Silva Maia 10-10-1982 27-03-2009