A Esgueira é uma freguesia portuguesa do concelho de Aveiro, com 17,72 km² de área e 12 262 habitantes (2001). Densidade: 692,0 hab/km². A freguesia é constituída por vários lugares : Senhor do Álamo/Cruzeiro, Agras do Norte, Bairro do Vouga, Caião, Cabo Luís, Bela Vista, Zona Industrial, Taboeira, Quinta do Simão, Mataduços e Paço.
A história de Esgueira remonta a tempos antigos, embora o documento onde aparece pela primeira vez o seu nome date do ano de 1050.
A localização geográfica de Esgueira permitiu-lhe que, até ao século XVII, tivesse um grande desenvolvimento através da sua intensa vida marítima e da exploração de marinhas de sal; destas actividades resultou um intenso comércio, activo durante séculos, sendo a vila muito concorrida por comerciantes e almocreves. A povoação de Esgueira é bastante antiga; sabe-se que teve um porto marítimo, pois foram encontrados esqueletos de embarcações de estrutura romana. Os mouros também marcaram presença nestas terras.
Foram-lhe concedidos três Forais: o primeiro pelo Conde D. Henrique em 1110, o segundo ampliando o primeiro, pelo Rei D. João IV em 1347, o terceiro documento da história de Esgueira é o foral outorgado por D. Manuel I em 8 de Junho de 1515 (o principal documento da história de Esgueira), data que comemorada anualmente com realização de eventos diversificados durante o mês de Junho, denominados por “Esgueiríadas”. Como todos os forais manuelinos, o de Esgueira tem grande interesse para a história fiscal e económica, com referências às marinhas de sal, às lezírias, aos maninhos, baldios, etc.
No reinado de D. João III houve uma remodelação da divisão territorial, criando-se novas comarcas, entre as quais a de Esgueira, a 20 de Dezembro de 1533, constituída por 31 vilas, 10 concelhos e 1 couto. Em 1755 foi restaurada a comarca de Esgueira, passando então a ser composta por 27 vilas, 1 concelho e 1 couto. A partir desta altura foi decaindo, na medida em que a linha de maré se afastava do seu Outeiro. Não é de estranhar, portanto,que, na remodelação administrativa do País em 1836, também o seu concelho fosse extinto e fosse incorporado em Aveiro.
Entre 1528 e 1836, Esgueira foi concelho, constituído pelas freguesias de Esgueira, Cacia, Navió e Palhaça. Tinha, em 1801, 4 426 habitantes.
Acerca do topónimo existem várias versões entre as quais se destacam a do Monsenhor João Gaspar, em que Iscaria significaria Outeiro, elevação rochosa sobranceira à Ribeira (local onde está implantado o actual Pavilhão do Clube do Povo de Esgueira) – antigo Parque do Outeiro.
Mas segundo Artur Leite, estudioso da história de Esgueira, teria origem na palavra celta iasg, nome de um peixe, ou iasgar ou eisgar, nome do pescador. Os três símbolos consagrados da autonomia administrativa de uma povoação eram, desde tempos remotos, o foral, o selo concelhio e o pelourinho.
Os ornatos do antigo brasão da Vila de Esgueira são os que constam no seu antigo e famoso selo, em latão, que se presume ser coevo do foral manuelino, assim como o seu Pelourinho, da primeira metade do século XVIII, símbolos da antiga importância e regalias municipais de Esgueira.
Ainda sobre o famoso Selo de Esgueira, diz Bartolomeu Conde: “Povoação antiquíssima, situada na antiga linha da Costa, Esgueira foi Comarca até 11/04/1759 e Concelho até 6/11/1836, sendo hoje uma Freguesia da Cidade de Aveiro. Centro de grande poder e influência, Esgueira foi distinguida com a Comenda da Ordem de Cristo.
Como sinais do seu antigo poder, perduram o Foral de D. Manuel, o Pelourinho – obra considerada Monumento Nacional – o edifício onde estiveram instalados o Tribunal e a Câmara de Esgueira (sede actual da Junta de Freguesia) e ainda a matriz do Selo Municipal, em latão, que se encontra a bom recato no Museu de Aveiro. Segundo o historiador aveirense Marques Gomes, este Selo, preciosa relíquia das armas da Vila, remonta à primeira fase deste Município.
A Nau é o elemento mais característico e mais significativo do selo Municipal de Esgueira; e porque é uma embarcação do alto– uma Carraca – alguns historiadores atestam que Esgueira tenha sido um porto marítimo de grande importância, tanto mais evidente quanto aquele tipo de Nau transportava 900 T de carga, 2000 homens e 35 mil peças de artilharia!”