Livro fantástico, que deu origem a um filme igualmente fantástico.
É uma história real, impressionante e emocionante... Lindíssima pelo seu significado... Terapêutica!
Toda a gente devia ler / ver, para perceber pelo menos um pouco o que é ficar-se, de repente, sem conseguir comunicar... Como acontece a tanta gente que é, diariamente, dada como incapaz, só porque não fala... O "problema" é que, muitas vezes, o resto está lá, dentro, fechado, impedido de sair sobre a forma de palavras... Enfim... Deixo-vos uma descrição da obra. Isto aconteceu mesmo, há 10 anos atrás, em França, como consequência da um AVC.
Jean-Dominique Bauby, nascido em 1952, era redactor-chefe da revista francesa Elle quando foi vítima de um locked-in syndrome, uma doença rara, que o deixou lúcido intelectualmente, mas paralisado por completo, só podendo respirar e comer por meios artificiais e mover o olho esquerdo.
Com este olho piscava uma vez para dizer sim e duas vezes para dizer não. Com ele chamava também a atenção do seu visitante para as letras do alfabeto, formando palavras, frases, páginas inteiras. Assim escreveu este livro: todas as manhãs, durante semanas, decorou as suas páginas antes de ditá-las, depois de as ter corrigido mentalmente durante a noite.
O filme vi-o hoje e adorei, simplesmente. Tinha adorado o livro e, por isso mesmo, as expectativas em relação ao filme eram elevadas. Foram completamente correspondidas! A forma como o filme está feito é, no mínimo, perfeita. E o actor (Mathieu Amalric)... grande desempenho!
Um único senão do filme, defeito da versão portuguesa... O conceito de terapeuta da fala (em francês, ortophoniste) é traduzida para português "à letra", ficando referida em todo o filme como "ortofonista"... Ai ai... E eu que pensava que este filme ia ajudar a esclarecer o público português acerca da Terapia da Fala!... É pena...