Esta foi a minha semana de despedida dos meninos, que entraram hoje em férias. Uma semana menos trabalhosa, muito atípica e algo difícil. Andava saudosa já na semana passada, estranhamente até. Esta semana então, mais andei. Tentei tirar proveito de todos os momentos, de todos os olhares, de todas as trocas, de todos os gestos, mais especiais do que nunca.
Foi particularmente difícil ver o J., um autista, desesperado e choroso, prevendo o final das aulas... Foi triste sentir que alguns meninos precisavam de mais escola, de menos férias. Porque é na escola que encontram a estimulação, o carinho e o acompanhamento de que necessitam. Que devia ser dado, mais do que ninguém, pelos pais. Isso entristece e angustia.
Custou-me muito ver a C. percorrer o caminho de saída da escola, senti muitas saudades. Ao mesmo tempo o meu coração encheu-se de alegria e senti até um estranho orgulho babado. Está tão diferente aquela menina, tão melhor, quem a viu e quem a vê.
Foram lindos os meus instantes finais na última escola. Os meninos estavam de saída para a cantina e alguém (adulto) começou a dizer "xau, boas férias". Um deles correu para mim "xau" e deu-me um beijo. Seguiram-se 3 ou 4, com uma vontade que senti genuína de se despedirem. Foi lindo e gratificante. Os meus meninos. Voltei a sentir-me a estagiária encantada, entusiasmada e apaixonada em Viana do Castelo. E é tão bom sentir aquilo de novo no meio da cruel realidade do nosso mundo profissional... Há momentos de menos entusiasmo, de menos encantamento, de menos paixão por aquilo que faço. Muito porque a realidade é tudo menos ideal e o mundo desilude-nos à medida que o conhecemos melhor. Mas em momentos como este eu percebo que continuo a acreditar, continuo a adorar ser TF e a ter por estes meninos a maior paixão do mundo!
Até a Babuska me veio dar um beijo, um bruto e atabalhoado beijo, mas que quis dizer tanto! Tanto! Adoro aquela miúda! É tão brutinha! Mas tem um quê que cativa toda a gente. E o F, que há 2 ou 3 semanas quase grita a pedir para "balalar" (trabalhar) comigo. "E eu?", diz ele quando eu vou buscar algum dos seus coleguinhas. Um menino que me deu a volta à cabeça de início, mas que se tornou um dos mais empenhados e colaborantes. E apaixonantes...
Enfim... se me ponho a escrever dos meus meninos nunca mais páro... É melhor não prosseguir para já. Talvez um dia destes decida fazer um registo para a posteridade, para não correr o risco de que seres tão especiais caiam no esquecimento.
A despedida dos meus pirralhos é mais difícil pela incerteza do futuro. Por não saber como vai ser o próximo ano lectivo, por não ter sequer certeza se eles vão ter apoio de alguém, por não saber se vou poder optar por continuar com eles. É pena. Há laços muitos bonitos que se criaram. Espero mesmo poder no próximo ano estar de novo com estes "xicos". Ou se não for com estes, com outros. Mas, definitivamente com crianças com necessidades educativas especiais. São especiais em todos os sentidos e apaixonaram-me completamente. Porque são especiais.